Após fim da dupla com Tiãozinho Lima, Rafael declara: “O mercado é prostituído”

Em mensagem aos fãs, cantor deixa claro como funcionam os bastidores do gênero mais popular do país

Fui pego de surpresa, assim como os fãs, com o anúncio do fim da dupla Tiãozinho Lima & Rafael, postado nas redes sociais na última quarta (19), depois de cerca de três anos juntos.

Acompanho a carreira de Tiãozinho, irmão de Chitãozinho & Xororó,  há um bom tempo, desde a dupla com Alessandro, irmão de Leonardo, na década de 1990. Os dois tiveram um início promissor, mas a formação não durou muito. Lima tentou outras parcerias e confesso que sempre torci pelo seu sucesso. Além de talentoso, é um cara muito simpático e extremamente humilde. Tivemos vários encontros ao longo do tempo. 

O fim do ciclo de sua dupla mais recente é emblemático. E digo o motivo. Rafael veio a público esclarecer o que os elevou a tal atitude. Num vídeo pra lá de sincero, o jovem afirma aquilo que todos que vivem no meio sabem, mas não têm coragem de expor. Ele coloca que uma dupla sertaneja, acima de tudo, é um negócio como outro qualquer. E precisa de estrutura e investimento para vingar. E como eu tenho afirmado, nos dias de hoje, o investimento mínimo gira na cifra de milhões de reais. Sem isso, não há talento que consiga vencer. Em determinado momento, Rafael diz que os tempos mudaram, e que, ídolos como Chitão & Xororó, Milionário & José Rico e Zezé di Camargo & Luciano tinham um diferencial em relação aos atuais sertanejos: a garganta.

Quando fala em rádio e TV, a conclusão do intérprete é dura.  ”O mercado é prostituído. É pago para tocar no rádio. É pago para ir para a TV”, dispara. “O mercado não vende esse tipo de qualidade. As pessoas não querem isso. Você ouve quem paga. Você ouve o que está pago para você ouvir”, complementa. 

Não é necessário dizer que as declarações, corajosas, vêm de encontro a tudo aquilo que venho pregando. Faz parte do emburrecimento do povo, ditado por diversos interesses. Ao Tiãozinho Lima e ao Rafael, desejo sucesso, e que não desistam de suas convicções. Há muita gente que precisa de artistas como vocês. Ao povo, desejo um pouco de discernimento e muita sorte, num país que trocou afinação e identidade vocal por likes e views. 

Carlos Guerra

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *