Respeitável público: o Circo pede socorro

Medidas de isolamento social deixam artistas circenses em situação de miséria. No dia 1, Dia do Trabalho, em vez das tradicionais três sessões, os picadeiros ficaram, mais uma vez, vazios

Dedé Santana, Embaixador do Circo, está engajado  
na campanha de auxílio da UBCI

Desde que desembarcou no Brasil com artistas vindos da Europa, no século XIX, o segmento circense nunca passou por um momento tão difícil como a crise pela qual atravessa nesse momento. As medidas de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus fez com que as cortinas se fechassem, há quase dois meses, sem previsão de volta dos espetáculos.  

O que era magia, desde então, virou um drama para mais de 30 mil trabalhadores (artistas, técnicos, motoristas, montadores, entre outros) impactados diretamente pela crise. Eles estão ligados aos mais de 1500 circos espalhados pelo território nacional.  Sem renda, as famílias circenses vivem apenas de doações.  

Marlene Querubin, presidente da UBCI

A UBCI (União Brasileira de Circos Itinerantes) tem assumido um papel fundamental nesse momento. A entidade, dirigida pela empresária Marlene Querubin,  tem como objetivo congregar os circos brasileiros na luta pelo reconhecimento de patrimônio cultural imaterial e ajudar  na luta por políticas públicas para o setor em todas as esferas dos governos. Além de receber doações, montar cestas básicas e distribui-las para as famílias, a UBCI criou uma campanha para arrecadar valores através de uma vaquinha virtual, a Campanha SOS Circos – COVID-19 (https://www.kickante.com.br/campanhas/sos-circos-do-brasil-covid-19). A arrecadação será destinada à compra de alimentos, materiais de higiene pessoal, remédios e suporte financeiro para famílias circenses em todo Brasil. 

A entidade já tentou ajuda emergencial em todas as esferas do governo, porém nenhuma medida efetiva foi tomada até o momento. A secretária de Cultura, Regina Duarte, até citou o circo na cerimônia de posse no cargo, mas até agora ficou apenas no discurso. “Na prática, o governo não fez nada até agora, se a gente não tivesse ido à luta, os circos pequenos tinham morrido de fome, foi o circo cuidando do próprio circo”, revela Marlene Querubin.  

Enquanto o governo se omite, como já fazia com a falta de políticas de apoio ao circo, itinerância, formação e preservação da memória do segmento (ao contrário de alguns países da Europa, como a França), muitos artistas se engajam para ajudar. O comediante Dedé Santana, que detém o título de Embaixador do Circo, o ator Marcos Frota, a dupla Chitãozinho & Xororó, o cantor Rosinha (da dupla Rosa & Rosinha), são alguns dos nomes que aderiram à campanha e tem participado das ações.  

“Nós vamos superar esse momento, os gestores circenses são muitos corajosos e criativos, o mundo vai precisar de alegria  e fantasia para melhorar sua saúde mental. E o governo poderia ter o circo como aliado”, afirma Marlene Querubin. “Peço colaboração de todos que puderem contribuir com valores, cestas ou até compartilhando nossa campanha. Gratidão eterna ao nosso respeitável público que nos ajuda, neste momento tão difícil”, completa a empresária. 

Os circenses também agradecem, aguardando ansiosamente a volta ao picadeiro, afinal o espetáculo não pode parar.   

Carlos Guerra / Assessoria de Comunicação 

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