Discografia – Ouro e Prata: uma deliciosa panorâmica na trajetória de Cezar & Paulinho
Os piracicabanos surpreendem, resgatando o melhor de sua carreira, incluindo desde sucessos até faixas que não tiveram grande divulgação em sua época de lançamento
O que começou como uma ideia despretensiosa, a princípio apenas voz e violão, acabou ganhando corpo, mudando de rumo e tornando-se um projeto inédito dentro do cenário musical brasileiro, especialmente no segmento sertanejo. Aos 39 anos de uma vitoriosa carreira, Cezar & Paulinho continuam se reinventando e lançam, pela Radar Records, o CD duplo batizado de “Discografia – Ouro e Prata”, que traz uma “fotografia” de sua trajetória, com uma faixa selecionada de cada um dos álbuns anteriores da dupla e mais uma faixa bônus, totalizando 26 canções.
Partindo da premissa de que cada um dos 25 álbuns lançados tem vários sucessos e músicas bastante conhecidas pelo público – além de outras não tão conhecidas, mas com enorme potencial de trabalho –, a seleção das faixas se tornou o primeiro grande desafio do projeto. E o resultado não poderia ser melhor, pois revela como maior característica a incrível versatilidade da dupla.
“Discografia – Ouro e Prata” é uma mescla de canções eleitas pelo público através dos anos, que se tornaram hits _ casos de “O Feijão e a Flor” (Vicente Dias/Bene Brito), “Viajante Solitário” (Cezar/Edinho da Matta), “Nóis é Cowboy” (Edson Fernandes) ou “Chique No Úrtimo/Verdade de Pescador” (Moacyr Franco) _ e outras que mereciam uma segunda chance, por terem sido preteridas no ranking definido para divulgação, na época do disco original.
Neste segundo grupo, os irmãos presenteiam os fãs com verdadeiras preciosidades como “Eu e Meu Pai” (Vicente Dias/Cleide), “Humilhação” (Cezar/Edinho da Matta), “Canoeiro” (Alocin/Zé Carreiro) e “Morena Ai, Ai” (Cezar/Craveiro) .
Apesar de terem enveredado por canções mais divertidas em determinados momentos de sua discografia, que caíram no gosto do público e estão presentes nesta compilação, eles não esquecem a raiz romântica, essência de seu trabalho. E é exatamente esse lado que aqui é muito explorado. Cezar & Paulinho deram tudo de si em estúdio, e a interpretação de ambos é de uma força fenomenal.
O romantismo já conhecido de “Duas Vezes Você” (Cesar Augusto/Cezar) transmite ainda mais sentimento nessa releitura do clássico. E não para por aí. Uma a uma, músicas marcantes vão ganhando nova roupagem. “Seu Coração Não Tem Dó do Meu” (Elias Muniz/Fátima Leão/Cezar), “Coração Só Vê Você” (Rick/Cezar/Renner), “A Gente Se Ama” (Cezar/João Paulo/Alexandre) e “Amor Além da Vida” (Cezar/Pedro Poli) recebem novos arranjos e interpretação única, elementos capazes de impressionar até os corações menos sensíveis.
A faixa bônus é a única inédita, e até aí os sertanejos se superaram. “Poderoso Timão” é uma homenagem única à maior torcida do país, a do Corinthians, atual campeão mundial de clubes da FIFA. Com letra do primeira voz Cezar (cuja assinatura está na maioria das canções do álbum, mostrando outra de suas qualidades) é do amigo Paraíso (da dupla com Mococa), ela foi composta antes mesmo desta final, disputada em 16 de Dezembro de 2012.
Do romantismo de “Coração Marcado” (Paraíso) até a irreverência de “Companheiro é Companheiro” (Jovelino Lopes/Mauro Fagotti/Cezar), passando por canções com cheiro de campo como “Quero Ter” (Cezar/Beto Surian), “Chuva Santa” (Cezar/Frank Ranier) ou “Alma Sertaneja” (Cezar/Jotha Luiz), o álbum é um delicioso voo panorâmico sobre a trajetória de uma das duplas mais importantes da história da música sertaneja.
O conjunto de vozes impecável, as letras consistentes presentes no repertório, os arranjos primorosos (valorizados pelo piano, acordeom, viola e gaita) e a produção cuidadosa fazem de “Discografia – Ouro e Prata” mais um marco na carreira dos sertanejos Cezar & Paulinho, um tributo aos seus fãs e também aos amantes da verdadeira música sertaneja. Um álbum que já nasce clássico, e é um dos fortes candidatos a melhor do ano.
Carlos Guerra / Assessoria de Comunicação