Popó e Bambam institucionalizam a rinha de galo

Bizarra disputa é prato cheio para fãs de freak show e programas de fofoca

Quando surgiram especulações de uma antiga profecia que anunciava o fim do mundo em 2012, nenhum brasileiro se preocupou. Muitos pensaram, de forma lógica, que o país não estava preparado para receber um evento de tamanha magnitude. Alguns sugeriram que, em terras tupiniquins, atrasaria uma década, ao menos, para o acontecimento.  

Pois bem, creio que estamos perto desse dia, finalmente. Há indícios extremamente concretos de que estamos próximos do fim. O confronto entre o ex-pugilista e o ex-BBB pode ser considerado o último desses sinais. Como as pragas do Egito, acontecimentos devastadores precederam esse momento. A eleição de um palhaço como deputado federal mais votado da história à época, o surgimento de “caneta azul” e “luva de pedreiro”, a longevidade de uma atração esdrúxula com o BBB e a idolatria crescente pelo funk e sofrência foram alguns deles.  

A maior emissora do país, que tem participação em quase todos esses episódios, mais uma vez é responsável direta pelo dantesco confronto. Ela fará a transmissão  da luta. Não bastasse a aberração de uma disputa entre um ex-campeão de boxe e um subproduto de um reality show, a mídia alardeia que há uma rivalidade pessoal (e real) entre os personagens, o que poderia colocar um pouco mais de gasolina na fogueira. Não descarto a ideia de tudo fazer parte de um grande teatro para iludir os fãs de espetáculos bizarros, em sua esmagadora maioria, desprovidos de um mínimo de inteligência. 

Fato é que, se o embate for para valer, com essas juras (que não são de amor) de ambos os lados, a coisa pode se tornar séria. Principalmente para o ex-global, que obviamente não tem preparo para tal enfrentamento. Se você insiste em assistir, prepare o seu remédio para evitar sintomas como enjoo e náuseas.

A verdade é uma só. Qualquer que seja o resultado desse circo de horrores, a briga com transmissão ao vivo institucionaliza um tipo de rinha de galo em escala nacional. Para quem não conhece, esse tipo de evento criminoso obriga dois galos a se confrontarem, enquanto dezenas de outros animais ao redor deles fazem suas apostas. 

Mais uma pobre passagem da decadente TV brasileira, cuja contribuição para a cultura do país se torna cada vez mais pífia.  

Carlos Guerra

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