Descaso da mídia com Vannucci comprova que há hipocrisia após a morte

Enquanto místicos, filósofos, religiosos e cientistas discutem se há vida após a morte, o Brasil sai na frente e comprova para o mundo que, pelo menos, há hipocrisia depois que você passa para o lado de lá (principalmente quando acontece com uma figura conhecida).

Fernando Vannucci foi um dos grandes comunicadores do país, mas grande parte da imprensa só descobriu isso agora, depois de um bom tempo em que ele já estava afastado das grandes emissoras.

Reconhecer méritos em vida não é fato corriqueiro no Brasil. A mídia tem uma enorme culpa disso, sem dúvida alguma. Apontar erros, por outro lado, é quase que o esporte preferido daqueles que ficam escondidos atrás de um laptop e ganham espaço nos grandes portais, que cada vez mais deixam de lado a informação em detrimento a qualquer tipo de futilidade pautada por artistas de pouco talento e subcelebridades. Política do conteúdo zero e apoio ao MIMIMI generalizado.

Vannucci errou, mas quem não erra? De nada valeu sua trajetória, anos de acertos, o seu carisma, a inovação que trouxe à TV? Motivo de piada, acabou os dias deprimido, o que pode ter custado sua saúde.

Algumas homenagens foram bonitas, mas eu tenho absoluta certeza que deveriam ter sido feitas em vida. Será que num cenário tão bizarro e com tão pouca qualidade, não caberia ainda um Vannucci (mesmo com a saúde debilitada e sequelas de um AVC) numa grande rede da TV aberta ou em algum canal de esportes por assinatura?

Fernando Vannucci nos deixou há poucos dias, mas não se enganem: sua passagem começou naquela fatídica tarde de julho de 2006, após a final da Copa do Mundo, quando foi julgado e condenado, sem direito de defesa.

Carlos Guerra

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